OS NÚMEROS DE 2019 OU PORQUE EU NUNCA TENHO DINHEIRO OU TÔ COM O SONO EM DIA
Pra muita gente hoje é o último dia de trabalho do ano. Os número abaixo me lembram que pra mim, só acaba quando termina – alô dia 31!
Sim, eu contei tudo isso aí – e se pá, esqueci alguém porque não fiz planilha, fui me baseando nos meus posts – e também fiquei assustada.
Eu sabia que eram muitos, eu sabia que eu estava cansada, eu sabia que meu dinheiro escorre pelas mãos, abraçado com o tempo que eu nunca tenho. Mas eu não sabia da ordem de grandeza do número.
Esses 126 são só os que entraram esse ano, não incluem os que já estavam com a gente do ano passado e ainda não tinham sido adotados. Desses aí, 16 vivem em colônia e ainda temos 9 para adoção.
Uma coisa que sempre falo é que não somos ONG. Então, quem é a gente? A gente é basicamente eu e a Luciana, contando com a ajuda da Licia e da Nymphaea, que dão lar temporário digno, limpinho e amoroso para as nossas crianças – obrigada meninas.
Não quero e nem posso fazer um texto muito grande – tempo, tempo, tempo, tempo, és um dos deuses mais lindos – mas vou em todas as oportunidades que tiver, lembrar que se o número de animais abandonados é cada dia maior, é porque o número de humanos abandonados é ainda superior.
A gente não diminui o primeiro, sem cuidar do avanço do segundo. Não tem como passar despercebido o tanto de gente que voltou pra rua, nos sinais, nas calçadas, nos bares. A situação tá gritante. E a gente não cuida do avanço da pobreza fazendo apenas caridade, porque a caridade tem sim importância, porque é uma ação pontual, que ajuda quem tá passando fome naquela hora e nessa exata hora claro, não importa de quem e onde tá vindo, importa é que venha. Mas por mais clichê que isso seja e soe, nós precisamos de justiça social, de condições dignas de vida, todos os dias do ano. E atualmente, quanto mais a gente precisa, mais a gente caminha no sentido contrário. Pra humanos e não humanos.
Causa pra lutar não falta, dá pra cada um escolher uma e sobra. Não espere o tsunami engolir todo mundo para se mexer. Lembre-se de Brecht – Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso. Eu não era negro. – não deixe ser tarde demais.
Agradeço quem me ajuda a enxugar esse gelo chamado proteção animal, enquanto não conseguimos políticas públicas decentes pra eles e pra nós. Pra quem chegou aqui há pouco e não sabe, tem uma campanha de financiamento coletivo, que dá pra contribuir com qualquer valor a partir de R$ 10 no cartão de crédito todo mês, é só entrar em www.benfeitoria.com/caroldosbichos e se cadastrar. Essa campanha inclusive, foi uma das ideias que eu tive esse ano e me ajudou demais nesses números aí.
Desejo um bom final de ano pra todo mundo. Pra quem pode descansar, bom recesso. Pra quem vai trabalhar assim como eu, bom trabalho. Continuaremos nos encontrando nas trincheiras dessa batalha.
Que venha 2020 e com ele o fim desse desgoverno!
Feliz Ano Velho, pessoal! – já dizia grande Marcelo.